quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Cineclube UFGD celebra neste sábado os soldados do MS que lutaram na Segunda Guerra Mundial



O projeto de extensão Cineclube UFGD terá uma programação especial neste sábado, 01 de setembro, a partir das 17h, para celebrar a história dos soldados de Mato Grosso do Sul que lutaram na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, pela Força Expedicionária Brasileira (FEB). A entrada é franca e o evento será no cineauditório da Unidade 1 da UFGD (Rua João Rosa Góes, 1761, Vila Progresso).

A abertura contará com apresentação musical de saxofone do maestro Ângelo Vicente e a programação prevê exibição do filme documentário “FEB - 60 anos” sobre a participação dos Brasil no conflito, seguido por debate com o jornalista Helton Costa, autor do livro “Confissões do Front: soldados do Mato Grosso do Sul na II Guerra Mundial”. Vários soldados da FEB confirmaram presença no evento, como de Dourados e de Maracaju, além de parentes dos soldados que já faleceram. 

Entre os pracinhas que confirmaram presença está Gonçalo Escolástico, de Maracaju, que tem quase 90 anos e foi ferido no combate de Monte Castello por conta de um bombardeio de tanque alemão. Estilhaços perfuraram braços, pernas e o rosto. Esteve internado por 12 dias e depois voltou para o front com estilhaços nunca retirados e que ainda estão cravados na perna. Gonçalo prometeu tirar foto com os presentes.

O livro será lançado durante a sessão do Cineclube UFGD e será vendido a R$ 20,00 para custear a doação de exemplares para as bibliotecas de escolas públicas de Mato Grosso do Sul.

Sobre o livro
Editado pelo “Grupo Literário Arandu”, o livro conta a história de vários soldados do Estado que lutaram na Segunda Guerra Mundial como integrantes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), contingente de 25 mil combatentes enviados em 1944 para a Itália para lutar contra tropas nazistas e fascistas e Hitler e Mussolini.
O jornalista Helton Costa estuda o assunto há quase 10 anos, e agora com 26 anos de idade resolveu juntar as bibliografias que teve contato e as entrevistas que fez com sul-matogrossenses que integraram a FEB e transformar tudo em um livro.

Segundo ele, pelo menos 180 soldados aparecem em listas fornecidas pelos quartéis e pela Associação dos Veteranos como soldados do Mato Grosso do Sul, nascidos nos municípios locais ou que imigraram para o Estado no pós-guerra.

“Hoje menos de 10% desses homens estão vivos, todos octogenários. Conversei com todos eles e tive contato com dados que outros pesquisadores como os jornalistas Vanderley Vieira e Luis Carlos Luciano e o historiador Márcio Aparecido possuíam, de forma que o livro é bem abrangente no sentido testemunhal dos ex-soldados que viveram o horror dos campos de batalha europeus”, explica.

Dez jovens sul-matogrossenses morreram em combate e vários outros foram feridos por tiros e estilhaços de granada. Na guerra, que acabou em maio de 1945, os expedicionários como eram conhecidos, enfrentaram além do inimigo que já guerreava havia quase seis anos, temperaturas que no inverno chegaram a -20ºC.

O treinamento que os brasileiros receberam foi de menos de seis meses, quando o normal era pelo menos um ano. Mesmo assim os brasileiros não fizeram feio, pelo contrário, ajudaram no esforço de guerra e combateram à altura dos Exércitos mais experientes, tanto dos aliados, quanto dos inimigos e depois de nove meses de lutas, os alemães se renderam incondicionalmente em 8 de maio de 1945. Em 239 dias de ação, a FEB fez mais de 20 mil prisioneiros e matou outros milhares, porém perdeu mais de 451 soldados, mortos em combate, e aproximadamente registrou ainda 1,6 mil feridos, acidentados e desaparecidos em combate.

“Agora imaginem vocês o que era o Mato Grosso do Sul em 1944! Aí você estava em sua casa, em uma fazenda trabalhando como peão e de uma hora para outra é convocado para lutar numa guerra do outro lado do oceano! Imaginem o choque cultural, a brutalidade de um conflito, ter que matar para não ser morto e muito mais e depois voltar para casa e voltar à vida cotidiana como se nada tivesse acontecido. Foi isso que aconteceu com nossos soldados", explica Helton.

Segundo ele, a sociedade nem o governo estavam prontos para reintegrá-los e muitos deles tiveram problemas por conta disso. "Confesso que várias vezes durante as entrevistas tive vontade de chorar de revolta por conta das condições precárias em que encontrei homens que na juventude literalmente deram o sangue pelo país e que na volta foram esquecidos”, admite Helton.

O livro relata o antes, o durante e o depois da guerra dos entrevistados e será doado gratuitamente para as escolas do Estado com Ensino Médio. “As novas gerações tem que conhecer essas histórias. É um meio de verem que mesmo que o mundo pareça perdido, como era na década de 40 com a expansão do nazismo, sempre haverá esperança no final se cada pessoa fizer sua parte e o que é certo. Esses brasileiros quase anônimos fizeram a parte deles e nós hoje temos que fazer a nossa para um mundo melhor para nossa geração e para as gerações que hão de vir”, argumenta o autor.

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